Livraria Limítrofe – O Adeus

Livraria Limítrofe, de Alfer Medeiros, publicado pela Editora Estronho em 2011, é um livro que chama a atenção logo de cara porque não tem… capa!

Isso mesmo. O livro não tem capa. A primeira coisa que vemos é uma folha de rosto, e em seguida, uma página com os dados do livro. Em homenagem a essa montagem, digamos, “criativa”, este post não tem foto…:D

Confesso que, à primeira vista, fiquei receoso de manusear o livro. Com o decorrer da leitura, no entanto, acabei me acostumando. O livro resistiu muito bem, ao contrário de muitos livros que já  peguei por aí, com capa, mas que mal sobreviveram a uma leitura.

Livraria Limítrofe me deixou com a impressão de ser uma auto-ajuda para escritores. E digo isso não de maneira jocosa ou desmerecendo o livro. É uma leitura muito boa, cheia de referências interessantes e muito bem escrita. É uma espécie de declaração de amor aos livros e à sua influência positiva nos leitores.

A tal livraria do título é um lugar mágico, que aparece para alguns poucos escolhidos, de maneira inesperada. Ao entrar na livraria, a pessoa passa a viver fantasias que estão guardadas em seu subconsciente, geralmente associadas a seus livros preferidos. O livro é uma reunião de pequenos contos, todos “depoimentos” das pessoas que entraram na livraria. Ideia muito boa mesmo, bem adequada para os apaixonados por livros como eu.

Os contos Dando à Luz e Heroísmo abrem o livro. Uma escolha acertada pois há inúmeras referências que já chamam a atenção do leitor logo de cara. No primeiro, uma criança entra na livraria acompanhada da mãe e se depara com diversos personagens queridos. O segundo conto é uma mistura de super-herois bem legal.

Também gostei de O ancião e a Adolescente, O Dilema do Editor, Visita Inusitada e As Mortes. Uns são tocantes, outros tem um humor sutil. Uma ótima mistura.

O livro de uma maneira geral é leve e despretensioso, mas bem agradável de ler. Todos os contos são narrados em primeira pessoa e em alguns casos só vamos entender o que está acontecendo já no final da história. Um recurso interessante, uma vez que, sendo bem escrito, o texto vai segurando o leitor.

Claro que o livro não é perfeito. Em alguns trechos, especialmente quando o “livreiro” está falando, a leitura fica um pouco arrastada, cheia de descrições que poderiam ser enxugadas um pouco. Mas acho que isso não deve atrapalhar a leitura. A imensa maioria dos contos é bem escrita, trazendo o leitor pra dentro da livraria com habilidade.

Sendo um tipo de livro diferente, uma reunião de contos que muitas vezes adquirem a aparência de reflexões do próprio autor, Livraria Limítrofe é um livro diferente bem diferente do que vemos por aí. Ponto para o autor e para a editora.

Prova de que gostei do livro é que, no final, a sensação que ficou foi uma vontade incontrolável de fazer uma visita à Livraria Limítrofe. Bem que eu podia ser escolhido…;)

3 comentários em “Livraria Limítrofe – O Adeus

  1. Não vou falar sobre a qualidade da resenha de novo, porque está ficando repetitivo eu dizer que é excelente… ops, falei.

    Valeu, Daniel. Agradeço mais uma vez e gostaria, se me permite, fazer duas observações. Embora seja pela Editora Estronho, os méritos são do Selo Fantas, dirigido pela Celly Borges (e claro, méritos do autor Alfer Medeiros rs… senão, ele me manda os lobisomens dele atrás de mim).

    Outra observação, que na verdade é algo que alguns têm confundido mesmo. É que não são contos e sim capítulos em que o livreiro está contando para a pessoa que o visita, casos que aconteceram em sua livraria. 😉

    Abraços,

    1. Verdade, Marcelo! Méritos pra Celly! Ah, são capítulos sim, mas passado o primeiro capítulo, a entrevista inicial, acho que todos eles podem ser lidos de maneira independente. Por isso que dá a impressão de serem contos… abraço!

      1. Ouvi – li – me nome! rs. Mas a resenha tá muito massa, e gostei da ideia de não ter imagem. O bacana é que Livraria Limítrofe está inspirando os blogueiros, cada um criou uma maneira especial para resenhá-lo.

        E o Alfer fez um grande trabalho neste livro!

        Obrigada pela resenha, mocinho 😉

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