Antes de mais nada quero dizer que sou fã de Star Trek. Gosto bastante mesmo. OK, não sou daqueles fãs que assistem a tudo e ficam comprando qualquer item de colecionador que aparece por aí. Eu até gostaria, mas não chego a tanto. Hm, pensando bem de novo, eu até já tive 3 ou 4 Enterprises de modelos diferentes…:)
Eu também não sou daqueles que reclama porque os efeitos especiais eram ruins na década de 60, ou que muita coisa falada lá é absurda demais ou sem embasamento científico. Eu gosto de ler livros antigos de FC, gosto dos seriados antigos. Eu consigo me colocar naquela época e admirar a imaginação e a cabeça dos que faziam FC naquela época (e até antes…). Mas tem coisa que é difícil…hehe…
Uma prova de que não sou tão fanático assim é que ainda existem alguns episódios da série clássica de Star Trek que eu não assisti. Nesse caso, devo admitir, felizmente! Semana passada, tive a oportunidade de assistir a um dos episódios mais “toscos” já produzidos: O Cérebro de Spock (Spock’s Brain).
O enredo é até interessante no começo. Enquanto a Enterprise realiza uma missão de rotina, uma jovem se materializa na ponte de comando e, com um comando em um bracelete, deixa todos inconscientes na nave. Quando a tripulação acorda, Spock está desaparecido. Ele é encontrado na enfermaria da nave, deitado numa cama, mas sem o seu cérebro. Isso mesmo, sem o cérebro. Aparentemente, a moça roubou o cérebro de Spock! A partir daí, McCoy determina que “não conseguiria manter o corpo de Spock vivo por mais de 24 horas” e o episódio vira uma corrida contra o tempo para localizar e reimplantar o cérebro.
Bom, a primeira coisa absurda do episódio é o “limite” de 24 horas. Eles realmente se baseiam nesse limite, como se o corpo de Spock fosse uma bomba relógio com um cronômetro em contagem regressiva, ao invés de um organismo que poderia falhar a qualquer momento sem o cérebro. Kirk fala a todo momento frases como “só temos 18h40min para encontrar o cérebro”. Tá certo que o Spock é quase uma máquina, mas convenhamos…
Depois disso, descobre-se que o cérebro de Spock foi roubado para controlar a energia e o ambiente de um planeta no qual havia uma sociedade formada somente por homens na superfície e uma somente por mulheres nos subterrâneos. O cérebro seria vital para manter o funcionamento do planeta.
Nesse meio tempo, McCoy desce ao planeta acompanhado de Spock. Este, com um aparelho parecido com um fone de ouvido preso na cabeça. McCoy usa um mini-controle remoto para fazer com que Spock ande para todo lado, parecendo um robô. (:S)
O episódio beira o ridículo em outros pontos: o cérebro de Spock se comunicando com Kirk através do comunicador e a operação para reimplantar o cérebro. Não é o problema dos efeitos, o problema é o roteiro mesmo, que acaba tentando simplificar uma coisa absurda. Só pode ter sido falta de dinheiro na época.
Para realizar a tal cirurgia, McCoy usa um artefato alienígena que o “ensina”, já que a tecnologia para isso seria muito avançada. Mas em determinado momento, McCoy trava e esquece o que tinha que fazer. O cérebro de Spock começa a falar com Kirk e sugere: “Se o doutor conseguir ligar minhas cordas vocais, eu posso ajudar.” E é isso que acontece. McCoy vai ligando os “conectores” do cérebro de Spock, um por um, membro a membro. Ao final da cirurgia, Spock levanta, como se nada tivesse acontecido, a cabeça intacta, o cabelo de volta no lugar. “Fascinante!”(:P)
A boa notícia é que o episódio seguinte é BEM melhor.
Ah… só um lembrete para os trekkers que não gostaram da minha opinião sobre esse episódio: eu gosto de Star Trek… Gosto mesmo…:)
Em qualquer lista de classificação este é considerado o pior dos filmes de Star Trek, em todas as gerações. É uma unanimidade, até entre os fãs da série…