Selva Brasil

Selva Brasil, lançado semana passada pela Editora Draco, é o mais recente livro do escritor paulista Roberto de Sousa Causo, de quem já sou admirador há algum tempo. Nos últimos anos, li alguns trabalhos muito bons escritos por ele: A Sombra dos Homens, A Corrida do Rinoceronte e O Par: Uma Novela Amazônica.

O livro é muito bacana, uma leitura rápida e agradável. Durante a festa de lançamento, o editor da Draco, Erick Santos, me “avisou” de que a leitura seria meio viciante. “Não dá pra parar, o livro flui fácil”, ele disse. E ele tinha razão, felizmente.

A história é toda contada em primeira pessoa. O protagonista é um soldado do Exército Brasileiro que faz parte de um regimento baseado na Amazônia num ano de 1993 com uma realidade diferente da que conhecemos.

Nesta realidade alternativa, o Brasil promoveu um ataque militar às Guianas nos anos 1960, ao mesmo tempo em que a Argentina invadia as Malvinas. O ataque brasileiro foi repelido por uma coalisão militar formada pelos países atingidos (Inglaterra, França e Holanda) com o auxílio dos Estados Unidos, que retomaram os territórios invadidos e empurraram os brasileiros Amazônia a dentro, ocupando grande parte da selva no processo. Toda a ação se passa na selva, durante uma missão na qual o protagonista e sua equipe devem substituir um outro grupo numa base isolada.

Durante a leitura, tem-se a impressão de que o protagonista está escrevendo uma carta ou gravando uma mensagem para alguém. Essa é uma das melhores qualidades do livro: uma linguagem coloquial e em alguns momentos até simples, sem muito formalismo. Conforme se avança no livro, o leitor mais atento vai começar a entender (suspeitar?) quem é o destinatário da mensagem. Claro que a confirmação só vem no final de uma maneira muito interessante.

O livro é realmente muito legal, apesar de curtinho. São pouco mais de cem páginas, nas quais o autor brinca com uma realidade que não existe (será?), com mundos paralelos, FC e até um pouco de folclore.

A pesquisa feita para o livro foi cuidadosa. Nota-se isso através dos vários tipos de armamentos mencionados e do conhecimento militar do autor. A maneira com que Causo menciona as culturas locais e o ambiente da selva também é impressionante. No posfácio, ele explica suas teorias, suas inspirações e dá um bom embasamento histórico para a realidade criada no  livro.

Eu particularmente gostei muito e recomendo a leitura. Nós temos muitos bons autores de FC e fantasia por aí. Causo é um dos melhores, além de ser um entusiasta e representante dos interesses do gênero. Pelo que tenho visto, é um dos que mais “briga” para divulgar o gênero fantástico no Brasil e isso é importante.

Acho que a única maneira que nós temos de fazer a FC crescer no Brasil é apoiar o gênero. Infelizmente, ainda vemos que a maioria dos livros e autores são conhecidos apenas entre os realmente apreciadores do gênero. O único jeito de mudarmos esse cenário é apoiando os autores e as editoras que resolveram investir. Precisamos comprar os livros. Mostrar que as editoras estão investindo acertadamente.

Ok, o último parágrafo foi um desabafo que não faz parte dos comentários sobre o livro…hehe… Mas é isso aí. Espero que comprem, leiam e curtam a leitura.