Muito interessante a edição bilíngue de As Aventuras de Tom Bombadil, livro de J.R.R.Tolkien, que teve recentemente sua segunda tiragem pela Martins Fontes.
Quando topei com o livro na livraria, confesso que fiquei surpreso. Eu não sabia que ele já tinha sido lançado 2 anos atrás. Esse foi um dos livros que eu fiquei curioso em ler, quando li O Senhor dos Anéis pela primeira vez.
Tom Bombadil é um personagem interessante e carismático que aparece em A Sociedade do Anel (o primeiro da série), mas que foi deixado de fora da adaptação para o cinema. Algumas pessoas não gostaram da ausência no filme, mas o argumento de Peter Jackson foi de que Tom não acrescenta nada no andamento da história, e a passagem dos hobbits pela propriedade dele tomaria muito tempo do filme. Faz sentido.
Tom aparece sempre como um sujeito alegre e brincalhão. Misterioso às vezes, mas extremamente poderoso. Durante os eventos descritos em O Senhor dos Anéis, temos a impressão de que Tom não tinha interesse nenhum no problema do Um Anel ou de uma possível vitória de Sauron.
As Aventuras de Tom Bombadil é uma coleção de poemas, dos quais dois fazem menção a ele.
O interessante no livro editado pela Martins Fontes é que ele é composto por três partes: duas traduções diferentes do poema e o original em inglês. Já que o texto de Tolkien é complicado e convida a diferentes interpretações, a ideia foi colocar dois tradutores independentes que apresentem suas versões. Os que conseguem ler em inglês podem comparar com o original, analisando assim o que foi “perdido” com as traduções.
A primeira tradução é do poeta William Lagos. Ele fez a tradução usando versos brancos*, mas mantendo ainda a métrica irregular do poema original.
A segunda tradução é de Ronald Kyrmse, um especialista na obra de Tolkien. Ele usou todos os seus conhecimentos sobre o mundo e os personagens de Tolkien para adaptar o poema, comprometendo-se com os preceitos poéticos de Tolkien, especialmente em relação à rima e à métrica.
É bem interessante fazer a comparação entre as duas traduções. Também é interessante comparar com o original e ver como os tradutores devem ter suado para verter poemas tão complexos para o português.
As duas traduções tem boas qualidades e foram muito bem feitas. Eu, particularmente, gostei mais da fluidez do texto de William Lagos, mais pelo fato da não preocupação com as rimas. Isso é coisa minha, eu sempre tenho que prestar mais atenção para “aproveitar” as rimas.
(*Nota: se você, assim como eu, não lembrava o que são versos brancos, aqui está a definição: São chamados versos brancos aqueles que não apresentam rima final.)
Hum, agora me animei a comprar essa edição… 🙂
Oi Ana, vale a pena! Eu comprei baratinho na Saraiva. 50% de desconto…;)