Pessoal, dia 24 de julho está chegando, e com ele o lançamento da coletânea UFO – Contos Não Identificados, conforme já postei aqui anteriormente. Reproduzo a seguir um trecho do meu conto Copa do Mundo, presente nesta coletânea.
I. Primeiro Contato
Domingo, 21 de junho de 1970. Aquele dia foi inesquecível para muita gente. A Copa do Mundo do México chegava ao seu término, coroando uma geração vencedora e dando ao Brasil o seu terceiro título mundial. O mundo todo comemorava junto com o Brasil. Poucas vezes, um time encantara tanto, levando multidões aos estádios ou segurando-as em frente a aparelhos de televisão para verem aqueles deuses em campo. Suas atuações atraíam olhares assombrados, quase como se fossem criaturas de outro mundo os que desfilavam pelos campos mexicanos.
Estávamos reunidos em família. Tios e tias que havia muito não se encontravam, primos que mal se falavam devido às atribulações do dia-a-dia, irmãos, irmãs e cunhados. Todos estavam reunidos para assistir o último jogo e torcer pelo Brasil. O jogo acabou e o grito de campeão abafou o caos e a repressão que assolavam o país. Por um certo tempo, foi fácil esquecer os problemas. O povo brasileiro precisava lavar a alma, como se diz. A alegria de colocar-se em evidência, tornando-se o maior vencedor do futebol mundial, era sem par. Esse dia foi realmente inesquecível.
Foi nessa atmosfera festiva que minha vida mudou. Eu tinha doze anos na época e adorava futebol como qualquer menino dessa idade, mas era o único adolescente por lá e não via muita graça nas conversas pós-jogo dos adultos. Enquanto os gritos de comemoração e o ruído seco dos rojões ecoavam pela cidade, afastei-me um pouco da confusão na sala e fui para meu quarto. Naquela época, ainda se via estrelas no céu de São Paulo. A noite era limpa, agradável, convidativa. Dirigi-me à janela e comecei a procurar as constelações que eu conhecia de tanto frequentar o Planetário de São Paulo. Lá estavam Sagitarius, Aquila e Scorpio, com o brilho avermelhado de Antares em seu centro.
Distraído como eu estava, não posso dizer se surgiu de repente ou se veio de algum outro ponto do céu. O fato é que notei um ponto vermelho luminoso que parecia muito próximo. A minha nítida impressão era a de observar uma daquelas luzes de sinalização que são colocadas no topo dos prédios. A diferença, no entanto, era que não havia prédio algum sob ela. Era apenas uma luz, pairando no céu, a uma distância indefinida. Fiquei ali, parado, admirando aquilo que eu não sabia o que era, mas que me parecia tão belo.
Por alguns instantes, nada aconteceu. De repente, a luz começou a se mover. Notei que estava muito próxima de mim, pois passou entre a minha janela e o prédio vizinho. Naquela época, eu não tinha idéia da distância, mas hoje calculo que fosse de uns 100 metros. Senti medo, confesso, e, provavelmente por isso mesmo, não consegui me mover. O pontinho luminoso circundou lentamente o prédio vizinho algumas vezes, parou novamente em frente à minha janela, sempre mantendo uma certa distância, e depois moveu-se na direção do alto do céu. Em momento algum, sua velocidade aumentou bruscamente. Ele simplesmente se afastou, até que o perdi de vista.
Continua no livro UFO – Contos Não Identificados, com lançamento marcado para o próximo sábado, 24 de julho, das 14:00-17:00, na Saraiva Mega Store do Shopping Center Norte em São Paulo. O livro já está em pré-venda no site da Saraiva.
Quero ler a continuacao. Muito legal, delicioso de se ler.