Semana passada aconteceu o lançamento do livro Visão Alienígena – Ensaios sobre Ficção Científica Brasileira (Editora Devir), escrito pela brasilianista M. Elizabeth (Libby) Ginway.
Eu já tinha ouvido falar bastante da Libby, mas ainda não a conhecia pessoalmente. Ela foi extremamente simpática e mostrou um conhecimento enorme sobre a FC brasileira. Devo dizer também que o português dela é muito bom. Fiquei até feliz porque ela disse que já entrou aqui no blog…:)
Libby é professora na Universidade da Flórida, onde dá aulas de português e literatura brasileira. Ela tem doutorado pela Universidade Vanderbilt e já publicou vários trabalhos acadêmicos a respeito da FC brasileira. Seu primeiro livro, Ficção Científica Brasileira: Mitos Culturais e Nacionalidade no País do Futuro, recebeu recomendações das revistas Locus e Choice, e foi publicado no Brasil pela Devir em 2005. Ela foi recentemente entrevistada pelo escritor Tibor Moricz em seu blog de entrevistas em inglês, o From Bar To Bar.
O lançamento aconteceu na Livraria da Vila, em São Paulo, e contou com um bate-papo comandado pelo escritor Roberto de Sousa Causo, acompanhado por Marcello Simão Branco (co-editor do Anuário Brasileiro de Literatura Fantástica). O bate-papo serviu especialmente para que os presentes tomassem mais conhecimento do trabalho da autora, das motivações que a levaram a estudar FC brasileira (não com olhos de fã, mas como acadêmica), e de seus projetos futuros.
Em Visão Alienígena, Libby nos mostra 14 ensaios a respeito da FC brasileira. O trabalho é dividido em 5 capítulos, nos quais ela discute a maneira como os brasileiros escrevem FC.
Ela discute os ícones utilizados pelos nossos autores, tais como naves espaciais, ciborgues, robôs. Discute também os gêneros e subgêneros da FC que são mais comuns no Brasil: fantasia, história alternativa, utopias e FC hard.
Um dos capítulos é dedicado ao trabalho das mulheres na FC brasileira, com destaque para Dinah Silveira de Queiroz, Finisia Fideli, Marcia Kupstas, Martha Argel e Helena Gomes, entre outras.
Por fim, o último capítulo fala sobre como a ditadura influenciou o desenvolvimento da FC no Brasil.
O livro é cheio de referências bibliográficas (são 15 páginas delas) e notas de rodapé. Durante todo o texto, a autora mostra que realmente conhece e pesquisa a fundo o tema. Isso também fica evidente na escolha de temas e na quantidade de autores citados.
Visão Alienígena é um trabalho muito bem escrito e organizado. É uma excelente referência, um olhar “de fora” (alienígena?), de uma pesquisadora dedicada a entender o que e por que os brasileiros escrevem o que escrevem.