Sagas – Espada e Magia

O volume 1 da série Sagas, lançado no final do ano passado pela novíssima Editora Argonautas é uma coletânea muito legal. São quatro histórias curtas, ambientadas em diferentes universos nos quais a fantasia e a aventura correm soltas.

A ideia dos editores foi criar uma publicação simples e barata, mas com grande enfoque na qualidade dos textos. Neste caso, o tema escolhido foi Espada e Magia, em alusão ao tradicional Sword & Sorcery, que começou a se firmar nos anos 1930 graças ao herói Conan, de Robert E. Howard. A escolha do tema foi muito boa, já que esse tipo de fantasia heroica tem um grande apelo.

As histórias mostradas em Sagas apresentam heróis praticamente invencíveis, feiticeiros, encontros com a morte, batalhas sangrentas. O livro é um prato cheio para qualquer leitor de fantasia.

A primeira história é Lágrimas do Anjo da Morte, de Cesar Alcázar, uma aventura de guerra e bruxaria ambientada na Irlanda do século XI. A ação é constante e o herói é o verdadeiro clichê desse tipo de história. Anrath, o Cão Negro, precisa retribuir um favor feito a ele por uma Banshee, uma agente da própria morte. Para isso, ele enfrenta um perigo atrás do outro, encara ferimentos quase mortais com naturalidade e cumpre sua missão até o fim, sem se importar com quantos cadáveres deixa pelo caminho. Como pano de fundo, temos as tentativas de invasão da Irlanda pelos vikings, trazendo um ar histórico para essa história muito legal.

Logo depois, temos A Cidadela de Elan, de Georgette Silen. Essa história apresenta uma guerreira solitária que está em busca de uma pedra mágica. Ela chega a Elan, uma cidade de ladrões que não aceitam serem sobrepujados por uma mulher. Tive a impressão de que essa história faz parte de um universo maior criado pela autora. A autora conduz bem o ritmo, faz reviravoltas surpreendentes e, claro, abusa das batalhas e da magia. Tomara que venham novas histórias dentro desse ambiente.

Em seguida, temos A Dama da Casa de Wassir, escrita pelo ótimo Rober Pinheiro, que se passa no universo fantástico criado por ele em Lordes de Thargor, lançado em 2008. Dois povos rivais estão prestes a anunciar uma aliança graças ao casamento de seus herdeiros, mas como última prova de valentia, a princesa pede um artefato mágico que está em poder do feiticeiro mais terrível de que se tem notícia. O mais impressionante nessa história é a maneira hábil com que Pinheiro escreve. Ele usa a linguagem com perfeição e segura a atenção do leitor, mesmo durante um começo lento da história, que vai crescendo em intensidade até a última batalha, que é extremamente visual e empolgante. Muito bom!

Sem Lembranças Daquele Inverno, do talentoso Duda Falcão, fecha a trilogia. Nela, o leitor encontra um heroi cínico e falastrão, convocado para recuperar uma pedra mágica em posse de uma feiticeira. Inúmeros obstáculos são colocados em seu caminho até que ele consiga cumprir sua missão. Essa história se passa nas Terras de Lhu, um mundo de fantasia e magia criado pelo autor. O heroi é muito bem caracterizado e a história tem um desfecho muito interessante.

Talvez a maior virtude de Sagas, seja trazer um gostinho de “quero mais” nessas histórias de fantasia. O resultado final da coletânea é muito bom. Mesmo a fantasia sendo um tema rico e extremamente explorado no Brasil, sempre há coisas que se destacam. Sagas Volume 1 se destaca pela qualidade e pela proposta inovadora da Editora Argonautas.