Sagas – Estranho Oeste

Li durante a semana passada o segundo volume da série Sagas, publicada pela Editora Argonautas. O primeiro volume, Espada e Magia, havia me causado uma excelente impressão, tanto na apresentação quanto no conteúdo.

O tema proposto dessa vez foi Estranho Oeste, e os autores convidados foram desafiados a criar histórias fantásticas ambientadas no Velho Oeste americano. Para compor o livro, a Argonautas selecionou cinco autores. Foi mantido o formato de livro de bolso com poucas páginas, numa edição simples, mas bem acabada.

Acho interessante o recente interesse das editoras por esse tema. “Faroeste” é um tema bacana por uma série de motivos. Vejam bem, é uma época relativamente recente (uns 130 a 180 anos), cheia de misticismo (cultura nativa), com um território enorme (todo o oeste dos Estados Unidos) onde muita coisa podia acontecer e qualquer lenda podia ser aumentada ou diminuída. Esse é um ambiente perfeito, tanto para histórias “reais” quando fantásticas.

Como eu gosto muito do tema, estava animado para a leitura. Dos cinco contos, três são bons, um é médio e um é ruim. Um leitor menos exigente com os contos bons pode até dizer que os três contos que eu achei “bons” são “muito bons”. Um leitor mais exigente com o conto ruim também pode dizer que o conto que achei “ruim” é “muito ruim”. Aí vai muito do gosto de cada um e do que a pessoa espera num livro de faroeste fantástico.

O livro começa com Bisão do Sol Poente, de Duda Falcão. Gosto muito dos trabalhos desse autor. Normalmente são histórias envolventes e bem escritas. Além de visitar seu blog com alguma frequência, o Duda é um dos poucos autores que procuro quando começo a ler uma coletânea nova. Mas essa definitivamente não é de suas melhores histórias. Fala sobre um caçador de recompensas que está perseguindo um bando de ladrões. Durante sua perseguição, vai encontrando um rastro de assassinatos grotescos e mutilações. Com a ajuda de um feiticeiro sioux que encontra no caminho, o caçador acaba descobrindo como usar a magia para perseguir o assassino, ao mesmo tempo em que enfrenta um demônio aprisionado. A história é simples, sem grandes reviravoltas. Não chega a ser ruim, mas também não empolga nem um pouco. Esse foi o conto que achei médio.

Em seguida, temos Aproveite o Dia, de Christian David. O conto, narrado em primeira pessoa, é bem humorado e muito gostoso de ler. Um cowboy que julga ter poderes paranormais chega a um saloon, onde encontra algumas figuras bem esquisitas. A comida é horrível. as pessoas são totalmente estranhas e o cowboy descobre que não consegue ir embora. O saloon é controlado por uma feiticeira vodu, que o força a aceitar uma missão se quiser ficar livre novamente. A história é bem contada e prende bastante a atenção. Tem algumas tiradas muito boas, especialmente nos diálogos entre o cowboy e a garçonete do lugar. Esse foi um dos contos que gostei.

O conto seguinte, , de Alícia Azevedo, também é legal. É sobre uma freira que muda seus conceitos de paz, amor e, principalmente, fé, após ver a casa da Missão religiosa em que serve ser totalmente destruída por um bando de assassinos. Ao se dar conta que é a única sobrevivente do lugar, a freira passa a servir a outro mestre e ganha forças para executar sua vingança. A narrativa prende do começo ao fim, e  tem alguns pontos bem interessantes. Os diálogos entre a freira e seu “senhor”, cheios de questionamentos, são muito bons.

Depois temos Justiça… Vivo ou Morto!!!, de M. D. Amado, outro conto bacana. Um jovem teve sua família assassinada e busca vingança. Um pistoleiro, ao saber da história, enxerga sua própria jornada se repetindo e resolve ajudar o rapaz. No decorrer da história, o pistoleiro começa a questionar sua própria sanidade ao descobrir novos fatos em relação a seu pupilo. Algumas reviravoltas interessantes levam a um final com inúmeras possibilidades. Bem legal.

O livro termina com The Gun, the Evil and the Death, de Wilson Vieira. O conto é sobre um pistoleiro que chega a um lugar praticamente deserto e presencia um julgamento incomum, com o resultado já decidido previamente. A história não seria tão ruim, não fosse a narrativa lenta e previsível. O autor exagera no uso de palavras estrangeiras totalmente desnecessárias que tornam a leitura muito chata. Palavras estrangeiras devem ser usadas com muita parcimônia, talvez em alguns diálogos, ou até mesmo em algumas descrições. Mas muito pouco. O conto começa mal e vai piorando até um final bastante sem nexo, no qual o autor faz uma brincadeira sem sentido com o nome da editora e dos organizadores do livro.

Bem, apesar deste último conto, que realmente é fraco, o livro é legal. Eu acho que as três histórias que gostei mais competem igualmente para ser a melhor do livro. Talvez eu coloque Aproveite o Dia um pouco à frente das demais, mas só por questão de gosto mesmo. No geral, o volume dois de Sagas é diversão certa.

Vi hoje no site da Editora Argonautas uma promoção bacana para quem levar os três primeiros volumes de Sagas. Acho que vale a pena conferir.

 

 

 

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