Altair, Deneb e Vega

Esse post está atrasado. Quando eu escrevi aqui sobre as constelações Aquila, Cygnus e Lyra, fiquei de comentar um pouco sobre suas principais estrelas.

Antes tarde do que nunca, certo? Certo!

Bem, a principal estrela de Aquila é Altair. Essa estrela é, em muitos aspectos, bem semelhante ao Sol. Assim como nosso astro-rei, Altair é uma estrela que se encontra na sequência principal, queimando hidrogênio a todo vapor (uma incongruência, eu sei, mas é só força de expressão…rs). Sua massa está em torno de 1,6 a 1,7 massas solares e seu brilho é equivalente a umas dez vezes o brilho do Sol. Talvez sua característica mais marcante seja a sua velocidade de rotação. Enquanto o nosso Sol gira em torno do seu próprio eixo a cerca de 2 km/s e leva cerca de 30 dias para dar uma volta completa, Altair tem uma velocidade de rotação estimada em mais de 200 km/s, levando apenas 10 dias para uma rotação! Sua velocidade de rotação é tão alta que chega a haver uma certa deformação na estrela. Bom, é fato que isso ocorre com quase todos os corpos que giram a altas velocidades (a Terra por exemplo é levemente achatada nos polos), mas no caso de Altair, a deformação é bem mais acentuada, dando uma diferença de cerca de 14% entre o raio medido no equador e nos polos.

A próxima estrela que eu gostaria de mencionar é Vega, uma estrela extremamente importante para a história da astronomia. Graças a seu brilho destacado no céu e uma coloração branca quase inconfundível, Vega foi, por muito tempo, o “padrão” usado para medir a magnitude das estrelas. A magnitude de Vega foi estimada como “zero”, e todas as demais estrelas tiveram as magnitudes medidas a partir desta. Hoje, cálculos mais precisos corrigiram a magnitude para 0,03. Vega ainda é uma estrela interessante por ter um disco de poeira ao seu redor que, muito provavelmente, possui um exoplaneta. Todas as evidências estão lá, mas isso ainda não foi confirmado. Provavelmente, a grande dificuldade está no fato de Vega ter o seu eixo de rotação perpendicular à nossa linha de visada, o que impede que possamos observar o trânsito de um possível exoplaneta obstruindo o brilho da estrela. Vega, no entanto, é muito brilhante (mais de 30 vezes mais brilhante que o Sol), e deve consumir rapidamente todo seu hidrogênio, tendo um período de vida astronomicamente curto. Isso impediria que qualquer forma de vida inteligente se formasse por lá. Ao menos da maneira como nós imaginamos que isso possa acontecer. Mas vai saber…:). O astrônomo Carl Sagan explorou essa possibilidade em seu romance Contato, que foi adaptado ao cinema em 1997.

Por fim, temos Deneb, uma estrela realmente gigantesca. Sua luminosidade é cerca de 50 mil vezes a do Sol! Seu diâmetro é 108 vezes a do Sol, o que equivale a metade da órbita da Terra! Enquanto as outras estrelas que eu mencionei lá em cima são muito brilhantes no céu por estarem perto da Terra (Altair a 16,7 anos-luz e Vega a 25 anos-luz), Deneb é tão brilhante quanto, estando a incríveis 1425 anos-luz! Por aí dá pra ver o tamanho da estrela.

Bom, as três estrelas mencionadas acima formam o que alguns chamam de o “Triângulo do Verão” no hemisfério norte. Pra nós, seria “do inverno”, né, já que as estações são invertidas. Aproveitem o comecinho da noite para observarem essas estrelas como coloquei naquele post. Logo, elas somem do céu por uns meses, encobertas pelo Sol, enquanto a Terra caminha pela sua órbita.

Se tudo correr dentro dos conformes, a próxima constelação a pintar por aqui será Scorpius, o escorpião.

 

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