Tempo das Caçadoras

A novela Tempo das Caçadoras, escrita por Miguel Carqueija e publicada na Coleção Scarium Fantástica, é a sequência de O Fantasma do Apito, que li e comentei recentemente.

Neste volume de leitura leve e agradável, Carqueija retorna à sua realidade alternativa, com uma tecnologia defasada em relação à nossa, num mundo assombrado por conspirações e sociedades secretas. Usando as pistas obtidas na aventura anterior, a detetive Irina reúne novamente o trio de estudantes Carol, Fátima e Andreia a fim de capturar o Conde Bruxelas. A elas juntam-se o detetive Anselmo, desafeto de Irina, e o cachorro Malhado, um dálmata encontrado na rua que virá a desempenhar um importante papel na história.

Assim como a aventura anterior, esta também tem um ritmo acelerado. Há alguns momentos de reflexão e questionamento, especialmente vindos da personagem Fátima. O autor faz da personagem a sua voz para expor o descontentamento que sente em relação à sociedade atual, criticando a violência e a deterioração dos relacionamentos familiares. Fátima, aliás, é uma personagem muito interessante. Além dos questionamentos sobre os rumos que a sociedade vem tomando, a garota é uma vidente. Através de um caleidoscópio, ela “enxerga” pistas sobre o futuro. Nesta aventura, seus “dons” são mais destacados e passam a ser mais importantes para a trama.

Um detalhe interessante, é que, apesar de dirigido ao público juvenil, o livro usa termos às vezes extremamente complicados. Isso parece ser um hábito do autor que deve complicar a vida da molecada. Meu filho de doze anos chegou a pegar O Fantasma do Apito para ler, mas assim como o pai, ele tem uma fila longa de livros a serem lidos, de modo que vai demorar um pouco para eu saber suas impressões.

A palavra estranha que mais gostei foi “sacripanta”, usada por exemplo em “Não suporto a presença desse sacripanta.” Apesar do contexto deixar claro o sentido da palavra, não me envergonho de dizer que fui obrigado, por curiosidade, a consultar o chamado “pai dos burros”. Segundo o Aurélio: sacripantas – “diz-se de pessoa desprezível, capaz de quaisquer violências e indignidades”. Sinceramente, acho pouco provável que meu filho vá recorrer ao dicionário…:)

Palavras esquisitas a parte, Tempo das Caçadoras é um livro legal. Acho que a maior prova disso é que fiquei curioso para ler a continuação, que, segundo o autor, está sendo escrita e já tem até nome. Fico no aguardo…:D

 

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