Sagas – Martelo das Bruxas

A Editora Argonautas lançou no Fantasticon do ano passado o terceiro volume da série Sagas.

Da mesma forma que os volumes anteriores, que comentei aqui e aqui, o livro tem uma cara simpática, com uma capa bem feita (pelo artista cearense Fred Macêdo) e um formatinho pequeno e agradável. O prefácio é de Simone O. Marques.

A grande estrela dessa edição é, sem dúvida,  Christopher Kastensmidt, autor americano radicado no Brasil que foi indicado ao prêmio Nebula no ano passado.

O primeiro conto do livro é dele: Cada História Tem…Na minha opinião, é o melhor do livro. Passado na Olinda do Brasil Colônia, conta uma história de perseguição às bruxas através de diferentes pontos de vista, sempre focando a disputa entre uma bruxa e o inquisidor da região. Alternando a visão da bruxa e do inquisidor, o autor consegue criar uma história envolvente e assustadora. O conto faz com que o leitor troque de lado, ora torcendo pela bruxa, ora pelo inquisidor. Certamente, o texto é uma alegoria às disputas de hoje em dia, onde todo mundo tem razão. Basta enxergar o ponto de vista de cada um. Muito bom mesmo.

Em seguida, temos O Quão Forte Pode Um Gigante Gritar, de Ana Cristina Rodrigues. A história se passa na Irlanda, numa época distante na qual gigantes, fadas e feiticeiros se viam obrigados a dividir espaço com a crescente onda de cristianismo que avançava de maneira impiedosa. O conto mostra o drama de um gigante imortal, cansado da perseguição e violência causada pelos cristãos, que resolve viajar para o Novo Mundo. Antes, porém, ele se encontra com o filho, que não via desde muito tempo atrás. Juntos, eles partem numa última viagem que acaba trazendo resultados inesperados. O conto é bom, mas eu fiquei com a sensação de que essa história é mais longa do que aparece no livro, o que tira um pouco da força do trabalho.

O terceiro conto é Encruzilhada, de Douglas MCT. A história é interessante: duas garotas com poderes estranhos são criadas de maneira austera e violenta pela governanta da família. As diferenças entre as meninas e a governanta são cada vez mais acentuadas, culminando num final trágico. O conto é um pouco confuso. Eu o li duas vezes, mas não consegui ser cativado pela história. Ainda assim, assusta.

Logo depois, temos A Justiça deste Mundo, de Ana Lúcia Merege. Muito bom esse conto. Um jovem clérigo luta contra as injustiças enquanto bruxas e malfeitores são caçados na comunidade em que vive. Aos poucos, ele acaba se envolvendo num drama assustador e com final trágico. Muito bem escrito, é o segundo conto que mais gostei do livro.

O livro termina com Missa Negra, de Duda Falcão. Este conto mostra uma comunidade afetada por uma desgraça sem precedentes. Gado e plantações são destruídos sem motivo aparente, até que a população passa a associar a desgraça à presença de uma família que se mudou recentemente para a região. O  narrador acaba descobrindo a causa do problema e, pior, que essa causa está bem mais próxima do que lhe parece. Gostei bastante desse conto.

Sagas – Martelo das Bruxas mantém o nível de seus antecessores. Acho que é até melhor que o segundo volume, do qual eu esperava um pouquinho mais. O tema “bruxaria” é bem explorado, fugindo da mesmice e isso torna o livro uma diversão agradável.

Recomendo a leitura.

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