Essa noite, enquanto jantava na casa do meu pai, ouvi muito rapidamente na Globo News a notícia do falecimento de Neil Armstrong.
Parei imediatamente o que estava fazendo e dei atenção ao noticiário. Não o conhecia pessoalmente, e ele nem fazia ideia da minha existência, mas Neil Armstrong era um dos poucos herois que admirei desde a infância.
Tenho amigos que são viciados nos Beatles e choraram a morte de George Harrison (o único Beatle que eu lembro de quando faleceu). Tenho amigos que choraram a morte de Renato Russo, Cazuza, Fred Mercury. Pois hoje, eu admito que chorei a morte de Neil Armstrong.
Meus olhos se encheram de lágrimas quando vi a notícia na TV, e se enchem de lágrimas novamente enquanto escrevo este texto.
E acho que isso ocorre por tantos motivos diferentes. Ainda me lembro de quando eu, lá pelos meus quatro ou cinco anos, aprendi da minha mãe que o primeiro homem caminhou na Lua em 1969, três anos antes de eu nascer, e que o nome dele era Neil Armstrong. E me lembro que ela repetiu o nome várias vezes até que eu conseguisse falar. Lembro de meu pai sempre contando que havia assistido o pouso na Lua ao vivo pela TV. E lembro de quantas e quantas vezes não sonhei em ser um astronauta, viajar até outros mundos, olhar a Terra lá do espaço.
Sempre fui ligado em ciência, em astronomia, em astronáutica. Acho que por isso tudo é que essa notícia me deixou tão triste.
Muito estranha a sensação. Algumas pessoas nos passam a ideia de serem imortais. Essa era a imagem que eu tinha do primeiro homem que pisou na Lua.
Como disse Walter Schirra, um outro astronauta do programa Apolo, se você conseguiu chegar até a Lua, pisar e caminhar naquele solo prateado, você conseguiu provar que nada é impossível.
Interesses políticos, guerra fria, diferenças religiosas. Tudo isso ficou pra trás quando Neil Armstrong desceu do Eagle e pisou no solo lunar. Sem dúvida, aquele foi um dos poucos momentos em que a humanidade foi “uma”. Naqueles poucos minutos que coroaram anos de trabalho e esforço (e muito dinheiro gasto), um único homem provou que a humanidade vale a pena, é capaz, industriosa e criativa. Naquele 20 de julho de 1969, um único homem provou que, quando usamos a coletividade humana e aplicamos o devido empenho, nada é impossível.
Descanse em paz, Neil Armstrong.
Obrigado por me ajudar a sonhar.
Eu o admirava também. Uma celebridade discreta e sóbria.