Li recentemente este livro, do gaúcho André Bozzetto Jr., publicado em conjunto pelas editoras Estronho e Literata.
Na Próxima Lua Cheia, como o título dá a entender, é uma história de lobisomem. Gostei bastante do livro, especialmente por trazer um tipo de monstro que, apesar de bem conhecido, é pouco aproveitado.
Nessa novela de pouco mais de cem páginas, o autor abusa dos clichês, mas sem cair no ridículo. Os lobisomens que conhecemos aqui são ao mesmo tempo crueis e racionais. Sabem do risco que correm ao se exporem. Têm medo da humanidade como um todo e tentam se isolar ao máximo, mas não fogem da briga quando se veem acuados.
A trama gira em torno do jovem Lucas Matos, que é obcecado por uma história contada repetidas vezes por seu pai, que até o último dia de vida afirmou ter sido atacado por lobisomens no interior do Rio Grande do Sul, mais de cinquenta anos atrás.
Talvez para ter certeza de que o pai não era louco, mesmo morando em São Paulo, Lucas reúne dois amigos e os convence a viajar até a pequena comunidade gaúcha onde o suposto ataque ocorreu. De uma maneira muito mais fácil do que esperava, Lucas consegue solucionar o mistério que envolve a história contada por seu pai. E é aí que as coisas fogem do controle. Lucas e seus amigos entram num verdadeiro pesadelo.
A escrita de Bozzetto é apresentada num ritmo ágil e envolvente, com um texto espontâneo, narrando uma história simples mas que traz alguma reviravoltas interessantes. As últimas trinta páginas trazem diversas sequências de luta, com muita violência e sangue, que vão ficando cada vez mais intensas, até um final imprevisível e muito bem escrito.
Em geral, os lobisomens são muito irracionais e violentos. Enquanto estão transformados, seu lado humano fica tão escondido que não há espaço para a sensualidade e o galanteio típico dos vampiros (fazendo a comparação mais óbvia). Suas histórias quase sempre dão no mesmo lugar: um longo rastro de sangue e mortes. Na Próxima Lua Cheia não é exceção, mas graças à sua simplicidade e à visível intenção do autor de apenas contar um história, torna-se uma leitura bacana.
Opa… eu terminei o parágrafo acima dizendo que é uma “leitura bacana”, mas isso só é válido se você quer ler uma verdadeira história de terror. Na Próxima Lua Cheia é, acima de tudo, uma história de terror. Vale a leitura por ser uma história de verdade, assustadora por si só, sem cair no erro comum de despejar na frente do leitor uma avalanche de cenas grotescas e sem sentido.